Pesquisas mostraram que pessoas desagradáveis não foram mais bem-sucedidas que suas contrapartes mais amáveis.
Este é um resumo livre de um artigo do WSJ (ver original com os dados completos das pesquisas).
Ícones celebrados por sua pura maldade podem incentivar a ideia de que o mau comportamento é o caminho para o poder. No entanto, pesquisas mostram que, muitas vezes, é o contrário.
Considere “Succession”, um dos seriados da HBO mais aclamados da atualidade, onde todos são canalhas com os outros o tempo todo. Parece sugerir que essa é a única maneira de alcançar riqueza e poder: para ter alguma chance de sucesso, é preciso agir como os Roys, personagens da série.
Essa fascinação pelo entretenimento é antiga. Em “House”, o protagonista é um médico brilhante, porém egoísta, que salva muitos pacientes apesar de ignorar os conselhos de seus colegas. Em “O Diabo Veste Prada”, Miranda Priestly alcança o topo do mundo da moda através de exigências absurdas e desprezo constante por seus subordinados. “Psicopata Americano” e “O Lobo de Wall Street” quase fazem do narcisismo um pré-requisito para o sucesso.
Quem já trabalhou em um escritório conhece o tipo: o ambicioso que fará qualquer coisa para subir na hierarquia, incluindo agir de maneira desprezível. Ele se gaba incessantemente, menospreza os colegas e recusa tarefas que considera indignas de seu talento ou posição. Essa situação soa familiar?
A lógica do canalha é simples: muitos poderosos são desprezíveis; eu desejo poder; logo, devo agir como eles. Mas, realmente, adotar essa postura garante sucesso?
Existem motivos para acreditar que sim, mas cuidado.
Pesquisas mostram que pessoas com tendência a serem desagradáveis podem ter mais sucesso em áreas que valorizam a criatividade. Em um estudo, estudantes universitários que apresentaram ideias para uma campanha de marketing tiveram suas sugestões mais aceitas quando possuíam um alto grau de “desagradabilidade”.
Isso pode fazer sentido, pois em ambientes onde prevalecem ideias equivocadas, é necessário alguém disposto a desafiar o status quo, mesmo que isso o torne impopular.
No entanto, é crucial não generalizar com base em poucos exemplos.
Uma pesquisa recente acompanhou a carreira de 457 universitários por 14 anos, descobrindo que pessoas desagradáveis não foram mais bem-sucedidas que suas contrapartes mais amáveis.
Os resultados mostraram que, embora pessoas desagradáveis possam intimidar e parecer mais poderosas, essa percepção é neutralizada por relações interpessoais deficientes no trabalho, eliminando qualquer vantagem que seu comportamento dominador pudesse oferecer.
Isso é compreensível, pois embora a autoconfiança seja valiosa, ninguém aprecia a companhia de egocêntricos. O comportamento arrogante pode até facilitar uma promoção, mas, na maioria das vezes, faz com que os outros queiram manter distância.
Então, por que existem tantos canalhas no poder?
A explicação pode ser simples: o poder incentiva comportamentos egoístas. Pessoas poderosas costumam se comportar mal, mas isso ocorre porque o poder pode corromper, e não necessariamente porque ser um canalha é um caminho para o poder.
Se serve como consolo, até as obras que parecem exaltar figuras desprezíveis ensinam a mesma moral. Dr. House enfrenta problemas profissionais por não colaborar com seus colegas. O protagonista de “O Lobo de Wall Street” termina na prisão. E os personagens de “Succession” acumulam fracassos. Apesar de sua riqueza e poder, eles exemplificam o que não fazer.
Pessoas poderosas podem ter mais liberdade para agir mal sem consequências, mas isso não significa que ser um canalha levará ao poder. Esquecer essa lição não apenas torna o ambiente de trabalho insuportável, como também pode sabotar o próprio sucesso.
PÓS-ESCRITO: Você conhece um deles e ele está ainda no poder. Isso é bem irritante e injusto. Não há muitas palavras de consolo a não ser dizer: “faça a sua parte, não seja um e durma com sua consciência tranquila“.