As analogias são ótimas, desde que sejam corretas e precisas

Para o bem e para o mal, anedotas têm mais impacto do que dados estatísticos.

Para o bem e para o mal, anedotas têm mais impacto do que dados estatísticos.

Analogias são recursos importantes para simplificar ideias complexas, criando uma ponte entre o conhecido e o desconhecido, tornando conceitos abstratos mais fáceis de compreender. Um professor de física pode explicar o conceito de forças combinadas da seguinte forma: “Se a aplicação direta de uma força substancial é inviável, a composição simultânea de múltiplas forças menores, oriundas de direções distintas, pode equivaler em magnitude e efeito à força maior desejada.”

No entanto, ele pode usar uma analogia mais clara: um general, que precisa derrotar um ditador em um forte e impedido de atacar diretamente, divide seu exército e os envia por várias estradas e direções. Esta estratégia ilustra o princípio das forças combinadas de uma maneira que captura melhor a atenção dos alunos.

Analogias são amplamente utilizadas na área da saúde. Campanhas antitabagismo recorrem a histórias ou imagens impactantes dos efeitos do fumo para chamar a atenção do público. No caso, elas combinam narrativas marcantes com fatos e evidências.

Para o bem e para o mal, anedotas têm mais impacto do que dados estatísticos. Em um experimento, alunos precisavam escolher suas próximas disciplinas. Um grupo foi informado sobre as médias das avaliações, enquanto o outro assistiu a vídeos com comentários de outros alunos. Mesmo que os cursos com notas baixas coincidissem com os piores relatos, os comentários negativos influenciaram mais fortemente as escolhas dos estudantes.

Por isso, é crucial não confiar cegamente em histórias porque podem não representar a realidade de forma precisa. Histórias são frequentemente selecionadas por serem emocionais ou fáceis de entender, mas podem criar em uma compreensão distorcida dos fatos. Confiar demais em exemplos anedóticos pode nos levar a conclusões incorretas.

O empreendedorismo ilustra bem essa questão. Histórias de sucesso, como a da Airbnb, que começou com um grupo de amigos alugando colchões e se transformou em uma empresa bilionária, podem ser enganosas porque são exceções. Entre 70% e 90% das startups falham, e esses relatos muitas vezes induzem os empreendedores a subestimarem os riscos.

Declarações como “Meu amigo não se vacinou e nunca ficou doente” são frequentemente usadas como argumento contra as vacinas. Casos individuais podem existir, mas ignoram toda a evidência científica. Não se pode usar o caso de um amigo como analogia ou anedota.

Portanto, é essencial diferenciar as anedotas interessantes que não servem como prova. Analogias eficazes ajudam a compreender ideias complexas sem sacrificar a precisão.

Quando bem aplicadas, elas são ferramentas poderosas para ensinar e comunicar. Elas transformam ideias abstratas em lições claras e cativantes. No entanto, é necessário utilizar essas ferramentas com prudência para garantir que sejam representativas e verdadeiramente úteis. 

Fonte: alguns exemplos foram baseados no livro de Woo-Kyoung Ahn, Thinking 101, 2022, First Flatiron Books