Os quatro tipos de subestimados

Estratégicos e paranóicos tem mais chance de superação

Estratégicos e paranóicos tem mais chance de superação

Em quase todo ambiente de trabalho, a cena se repete: alguns são vistos como estrelas, enquanto outros recebem o rótulo de subestimados. Essa diferença não é apenas simbólica. Ser colocado na segunda categoria é desgastante, pois toca fundo na necessidade de reconhecimento que acompanha qualquer pessoa.

Ao mesmo tempo, esse olhar externo pode servir como gatilho para novas formas de agir. Tudo depende de como cada um interpreta o peso do julgamento. Foi justamente essa dinâmica que inspirou o artigo The Four Breeds of Workplace Underdogs, de Michael E. Bratsis, que descreve quatro tipos distintos de subestimados no ambiente de trabalho.

1. Estratégicos. São os que mais surpreendem. Diante da descrença, sentem nascer uma disposição de provar o contrário. Não se tratam de gestos grandiosos, mas de uma disciplina silenciosa que transforma o olhar alheio em combustível. Ao invés de se render ao rótulo, canalizam energia em ações consistentes e construtivas, aumentando as chances de alcançar reconhecimento real.

2. Paranoicos. A reação é igualmente intensa, mas de outra natureza. Se os estratégicos se movem pelo desejo de mostrar valor, os paranoicos se movem pelo medo de falhar. A frase que os guia é simples: “não posso errar de jeito nenhum”. Esse impulso os torna incansáveis, mas também os conduz a práticas arriscadas ou questionáveis, na tentativa desesperada de não confirmar o estigma. São capazes de entregar resultados, mas à custa de corrosão pessoal e organizacional.

3. Iludidos. Acreditam que superarão o rótulo, mas o fazem sem compreender o tamanho do desafio. Alimentam um otimismo que não se sustenta em preparo, como se a confiança fosse suficiente para reverter expectativas negativas. O resultado, quase sempre, é a frustração repetida: esperam reconhecimento, mas não dão os passos necessários para conquistá-lo.

4. Resignados. Esses aceitam o rótulo como destino. Já não lutam contra a descrença, nem tentam provar o contrário. Acomodam-se em um lugar de menor visibilidade, como se fosse natural ocupar papéis secundários. Sua reação não é de luta, mas de rendição, e com isso tornam-se testemunhas silenciosas de um veredito que internalizaram como verdade.

A partir desses quatro caminhos, surgem também duas grandes trajetórias. Alguns se tornam superadores, capazes de inverter expectativas negativas e alcançar marcos concretos de sucesso. Outros se tornam sucumbidos, confirmando o julgamento inicial. Estratégicos e paranoicos, por serem mais inclinados à ação, têm mais chance de figurar entre os primeiros, ainda que a rota dos paranoicos traga riscos maiores.

A) Para os gestores, compreender esse fenômeno é mais do que um exercício de observação. É reconhecer que ser subestimado é uma experiência emocionalmente estressante, que muitas vezes aprisiona potenciais invisíveis. A tarefa da liderança não é apenas celebrar os talentos óbvios, mas criar condições para que aqueles vistos como de baixo potencial encontrem espaço de crescimento. Ao estimular comportamentos estratégicos e oferecer apoio consistente, o gestor não apenas amplia resultados, mas também transforma a cultura do trabalho em algo mais justo e humano.

B) Para os profissionais, a lição é igualmente clara. Receber o rótulo de subestimado não precisa ser uma sentença definitiva. É possível escolher como reagir: com disciplina estratégica, em vez de paranoia; com preparo realista, em vez de ilusão; com coragem, em vez de resignação. O olhar dos outros não define uma história inteira, apenas a forma como ela começa. O desfecho depende da capacidade de transformar o peso do julgamento em movimento e de escrever, com esforço contínuo, uma narrativa diferente.

Fonte: https://journals.aom.org/doi/10.5465/amr.2023.0317.summary


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