Na maioria das vezes, essas pessoas não sabem o efeito que causaram.
Ao longo da vida, nos relacionamos com muitas pessoas. Algumas passam rapidamente e não deixam lembranças. Outras permanecem por longos períodos. Mas existe um tipo específico de pessoa que, independentemente da duração da convivência, nos marca de forma significativa. Pode ser um colega de trabalho, um amigo de infância, um chefe, um professor, um vizinho, um parente, alguém mais velho, mais novo, ou até mesmo uma pessoa que já não está mais viva.
Em momentos difíceis ou de incerteza, não são raras as situações em que uma frase simples, um gesto, uma escuta atenta ou até mesmo uma decisão tomada nos ofereceu um tipo de apoio ou direção que foi decisivo com o tempo. Isso pode acontecer com um chefe que confiou em você quando duvidava da sua própria capacidade. Com um amigo que ficou ao seu lado mesmo quando você estava em silêncio. Com um parente que insistiu para que você não desistisse de algo importante. Com alguém que ouviu, respeitou, encorajou, compreendeu ou simplesmente esteve presente.
Na maioria das vezes, essas pessoas não sabem o efeito que causaram. Elas seguiram em frente com as próprias vidas, enfrentando seus próprios problemas, e talvez sequer se lembrem do que disseram ou fizeram. E nós, por várias razões, deixamos de dizer que aquilo fez diferença. Às vezes por vergonha, por medo de parecer exagerado, por achar que já passou o momento. Outras vezes por achar que a pessoa já “deve saber”.
Mas a verdade é que muitas vezes ela não sabe. É importante, então, que ao identificarmos essa situação, a gente encontre uma forma de expressar isso. Não precisa ser nada grandioso, nem envolver discursos longos. Basta uma mensagem clara, honesta, direta. Pode ser algo como “naquele momento você me ajudou mais do que imagina”, ou “eu nunca te disse, mas aquela sua atitude me marcou”. Esse tipo de reconhecimento tem um valor que vai além do elogio ou da gratidão convencional.
Muitas vezes, temos a sorte de ainda poder falar com essas pessoas. Outras vezes, o tempo ou as circunstâncias não permitem mais esse contato. Mesmo assim, dizer, escrever, registrar ou simplesmente reconhecer internamente esse impacto tem valor. Porque não se trata apenas de fazer bem ao outro. Trata-se também de reconhecer que não construímos quem somos sozinhos. Que nossas escolhas, nossa trajetória, nossa forma de ver o mundo foi moldado, em parte, por aqueles que passaram por ela em momentos decisivos.
A vida muda rápido. Relações se transformam. Pessoas se afastam. O que hoje parece óbvio, amanhã pode ser esquecido. Por isso, se há alguém que foi importante para você — em qualquer fase, em qualquer contexto, por qualquer razão — diga. Diga, antes que o tempo leve.