Submarinos podem nadar? Uma analogia com a IA

Para que precisamos de máquinas humanizadas?

Para que precisamos de máquinas humanizadas?

A questão de saber se as máquinas podem pensar é tão relevante quanto a questão de saber se submarinos podem nadar.” É com essa provocação, citando um aforismo de Edsger Dijkstra, que William Poundspone inicia sua reflexão.

Poundspone critica o fato de o ser humano insistir em jogar o Jogo da Imitação, questionando o quão próximo a inteligência artificial pode replicar nossa própria inteligência, como se esse fosse o verdadeiro objetivo. Para ele, esse não é o ponto relevante de toda Inteligência Artificial.

Naturalmente, ao imaginar máquinas com sentimentos humanos e livre-arbítrio, surge a possibilidade de uma inteligência artificial desobediente — a ideia do “monstro Frankenstein” no contexto da IA. O ponto é que a inteligência artificial pode seguir inúmeros caminhos, e concentrar-se apenas em direções humanizadas é uma demonstração de falta de imaginação.

Grande parte das concepções futuristas iniciais sobre IA estava equivocada, pois os computadores se mostraram mais eficazes em áreas onde os humanos têm limitações. Máquinas são extraordinárias em tarefas como classificar listas. Isso pode parecer trivial, mas basta refletir sobre como a eficiência em classificação transformou o mundo.

Considerando algumas das questões levantadas, não há evidências claras de que haverá necessidade prática para que as máquinas do futuro possuam emoções, diálogos internos ou a habilidade de se passar por humanos em interrogatórios prolongados.

Ainda assim, algumas pessoas continuarão a desejar uma inteligência artificial antropomórfica. Quantos vídeos de robôs japoneses você já viu? Empresas como Honda, Sony e Hitachi investem recursos significativos na criação de robôs “fofos” que possuem pouco ou nenhum valor prático, além de servirem como ferramentas de marketing. Esse fenômeno ocorre, em parte, porque muitos entusiastas de tecnologia cresceram influenciados por representações de robôs e computadores inteligentes em filmes e histórias de ficção científica.

Praticamente tudo o que é concebível — desde que seja fisicamente possível e financeiramente viável — eventualmente se torna realidade. Por isso, a inteligência artificial humanoide parece ser um caminho inevitável, mesmo que tenha pouco valor prático. Isso pode resultar em máquinas amigáveis, programadas para pensar e agir de acordo com as leis de Asimov.

Porém, uma vez que a tecnologia esteja disponível, ela se tornará mais barata e acessível, espalhando-se para entusiastas, hackers e até grupos que defendam “direitos das máquinas”. Além disso, haverá aqueles interessados em criar máquinas com vontade própria, cujos interesses podem divergir dos nossos.

E isso sem mencionar o que poderia ser desenvolvido por terroristas, regimes autoritários ou até mesmo agências de inteligência de países ditos “mais éticos”. Nesse contexto, a ideia de uma inteligência artificial Frankenstein — uma IA que se volta contra seus criadores — deve ser considerada com seriedade.

Esse é um alerta sobre a necessidade de tudo isso, uma vez que as máquinas podem ser mais úteis em tantas outras funções.